alfabeto

24.2.05

Emily Dickinson


The Dying need but little, Dear


The Dying need but little, Dear,
A Glass of Water's all,
A Flower's unobtrusive Face
To punctuate the Wall,

A Fan, perhaps, a Friens Regret
And Certainty that one
No color in the Rainbow
Perceive, when you are gone.


Quem morre, Querido, de pouco precisa



1-

Quem morre, Querido, de pouco precisa
Apenas um Copo d'Água
O Rosto discreto da Flor
Pontuando a Parede lisa,

Um Leque, talvez, do Amigo a Mágoa
E a Certeza de que alguém
No Arco-íris não verá mais cor
Depois que você se for.


2-

Quem morre de nada precisa
Pra que flor, pra que copo d'agua
Ninguém vai lembrar com mágoa
Que eu me chamava Isa.

Na cor na parede clara
Arco-íris, leque se abrindo
Ninguém vai lembrar sorrindo
Que eu me chamava Mara.

tradução: Isa Mara Lando


Epitáfio


Não sei se foi feliz. Sei que desejou cada minuto, o ser.


11.2.05

Eliane Stoducto


Abri as portas...


Abri as portas
Abri o peito
Abri as pernas
Abri os braços

Perdi o tempo
Perdi o afeto
Perdi o gosto
Perdi o tato

E comprei tranca
Com cadeado
Vidro blindado
Porta de aço

mais Eliane aqui

Estio


Lá fora, um sol inclemente. Por dentro, inverno e frio. Num caso ou noutro, tudo seco, tudo morto. Tudo irremediavelmente igual.


5.2.05

De novo Carlos Pena Filho, porque é carnaval.


Soneto principalmente do carnaval


Do fogo à cinza fui por três escadas
e chegando aos limites dos desertos
entre furna e leões marquei incertos
encontros com mulheres mascaradas.

De pirata da Espanha disfarçado
adormeci panteras e medusas.
mas, quando me lembrei das andaluzas,
pulei do azul sentei-me no encarnado.

Respirei as ciganas inconstantes
e as profundas ausências do passado,
porém, retido fui pelos infantes

que me trouxeram vidros do estrangeiro
e me deixaram só, dependurado
nos cabelos azuis de fevereiro.