Josiane M. Bosqueiro
NoturnosI Duas gigantescas pernas de calça jeansesta avenida de mão duplameu de agora caminho. Andandovejo a luz dos postes da cpfl comporem sobre a avenida-jeans na noite-asfaltorasgos semelhantes aos da minha calça surrada.II Penso: seguir o caminho-jeans encontrar seu fim no corpo da noitedeitar sobre o corpo sentir a aspereza do corpo do asfaltono fim solitário da noite-avenida.III Pelo caminho passa um carro escuro e a dúvida:seria ele azul-marinho cor da noite minha ou preto?Escura noite e escuro carroconcluoporém coberto por florzinhas amarelasestrelas cadentes dos ipês da avenida Roxo Moreira sobre o teto — estrelas num céu passageiroem direção ao corpo da noite.IV Uns goles e me deito. Entãonoite, uísque, chão.Penso:flores caíram sobre o teto apressado do carro e com tanta vontade e pressa as estrelas cadentes quiseram viajar de caronaapressadas que são, como o automóvelas auto-florzinhas-móveis que pintaram sem querer borrões de uma Noite Estrelada um quê de Van Gogh ao pincel do velocímetro.V Abandono a tortuosidadeda vista embaçada do borrão da emoçãodoentee da bebida Levanto-mee caminho retamente.VI Sorvo o azul inquieto da noitepiso sobre a avenida deixando paratrás decisões(reta é a avenida não eu) eentre linha e oscilaçãome decido pelo caminhoda emoção.VII Dirijo meus passossolitariamente — enquanto minhas pernas permitireme ainda sorrindo irei — ao asfalto-mistério: O corpo da noite.
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Um breve retorno à letra I ou um vôo até o W:
África
Ela ia à catedral da música africanaAmbiente escuro, misteriosoMesas vermelhas, balcão ao fundoPista à entrada com conjunto ao vivoRui era o vocalista.Chegava com amigosDirigia-se ao balcãoOnde estava o "primo"Seu "guarda-costas"Pois era habitueComeçava a músicaDirigiam-se para a pistaEla ficava a um cantoDelirava ver os negros dançarDe repenteVinha um convidá-laTimidamente ela sorria, aceitavaDeixava-se levar simplesmenteEmbalada por aquela magia.Um dia estava cansadaUm velho conhecido convidou-aJuntou o corpo ao deleFechou os olhosEle agarrou-a com uma mãoA outra pousou-a na cabeça delaConta quem viu, que estiveram horas assimA dançar,Cada vez que ele mudava de passoEla deixava-se ir totalmente entregueQuando a chamaram para ir emboraEla acordou do sonhoSaiu apressadaEle ficou especado no meio da pista.Há quem diga que depois dissoEla nunca mais lá voltou.Isabel Cruz/Windleia mais Wind aqui.
João Silveira
3 x 3 olho o ar a claridade que me rasga e cega.cegoolho o arrespirando em vagaspulsações lentas de luz vivae línguas celestes ardendo sobre o corpo.o ar é fogo e luz.olho o ar e não vejoas minhas mãossão reflexos brancos sob um sol branco.as minhas mãosperco-as, assustado,por entre o brilho.mergulho sobre o peito em esquinas e junções desarticuladas.cubro-me.respiro sombra.§respiroe penso poder tornar-me luz puranum único feixe cruzandojanelas e olhos.reinventando sóis.me.em sóis.§e se me ausento por vezesprojectado-me a partir do meu corpo erectolançando-me de encontro ao chãoderramadoderramando-me,se o faço por vezesé na esperança de me alargare estender,líquido.insubstância real.inominável.leia mais João aqui.