7.7.06

João Silveira


3 x 3

olho o ar a claridade
que me rasga e cega.

cego
olho o ar
respirando em vagas
pulsações lentas de luz viva
e línguas celestes ardendo sobre o corpo.

o ar é fogo e luz.

olho o ar e não vejo
as minhas mãos
são reflexos brancos sob um sol branco.
as minhas mãos
perco-as, assustado,
por entre o brilho.

mergulho sobre o peito em esquinas e junções desarticuladas.
cubro-me.respiro sombra.

§

respiro
e penso poder tornar-me luz pura
num único feixe cruzando
janelas e olhos.

reinventando sóis.
me.
em sóis.

§

e se me ausento por vezes
projectado-me a partir do meu corpo erecto
lançando-me de encontro ao chão
derramado
derramando-me,

se o faço por vezes
é na esperança de me alargar
e estender,
líquido.

insubstância real.
inominável.


leia mais João aqui.


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