João Silveira
3 x 3
olho o ar a claridade
que me rasga e cega.
cego
olho o ar
respirando em vagas
pulsações lentas de luz viva
e línguas celestes ardendo sobre o corpo.
o ar é fogo e luz.
olho o ar e não vejo
as minhas mãos
são reflexos brancos sob um sol branco.
as minhas mãos
perco-as, assustado,
por entre o brilho.
mergulho sobre o peito em esquinas e junções desarticuladas.
cubro-me.respiro sombra.
§
respiro
e penso poder tornar-me luz pura
num único feixe cruzando
janelas e olhos.
reinventando sóis.
me.
em sóis.
§
e se me ausento por vezes
projectado-me a partir do meu corpo erecto
lançando-me de encontro ao chão
derramado
derramando-me,
se o faço por vezes
é na esperança de me alargar
e estender,
líquido.
insubstância real.
inominável.
leia mais João aqui.
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