Suzana Rabelo
outro
sou matiz, mata-borrão
vislumbre, sou sósia, em-obra
tudo que digo já foi dito
tudo que penso pensado
tudo que sinto sentido, calado
sendo o outro, sou eu
convivo comigo, me viro
durmo e acordo em mim
aprendo, vivendo assim
que parece artista, altista
qualquer coisa-doida, esquisita
trem-de-passagem, bonita
a feia-da-vez, vagabunda
fala bobagem, aprofunda
pensa pequeno, com a bunda
anda no escuro, corcunda
tem olho de-dentro que enxerga
que palavra doída enverga
que amansa bicho, que morde
que ri à toa, se pode
não podendo ainda ri, e se fode
não tenho eruditos vocábulos
não tenho conselheiros, oráculos
não tenho nada guardado
e tendo nada, tenho mundo
vendo o outro, me vejo
cheirando o outro, desejo
faço do amor meu caminho
e pele com pele, é carinho
e de andar sozinha, a sorte
de buscar liberdade, o norte
e de simplicidade, no corte
e de conselheira, a morte
sou matiz, mata-borrão
vislumbre, sou sósia, em-obra
tudo que digo já foi dito
tudo que penso pensado
tudo que sinto sentido, calado
sendo o outro, sou eu
convivo comigo, me viro
durmo e acordo em mim
aprendo, vivendo assim
que parece artista, altista
qualquer coisa-doida, esquisita
trem-de-passagem, bonita
a feia-da-vez, vagabunda
fala bobagem, aprofunda
pensa pequeno, com a bunda
anda no escuro, corcunda
tem olho de-dentro que enxerga
que palavra doída enverga
que amansa bicho, que morde
que ri à toa, se pode
não podendo ainda ri, e se fode
não tenho eruditos vocábulos
não tenho conselheiros, oráculos
não tenho nada guardado
e tendo nada, tenho mundo
vendo o outro, me vejo
cheirando o outro, desejo
faço do amor meu caminho
e pele com pele, é carinho
e de andar sozinha, a sorte
de buscar liberdade, o norte
e de simplicidade, no corte
e de conselheira, a morte