Jorge Vicente
o sono das aves
os homens contam os anosà medida do sono das avesdebaixo da serrania e das neves,alevanta-se um vasto império,onde os reis não quebram,refulgem e dormem emromaria de corpos duros, nãovendo o deus que carrega aos ombrosa campina negra, a voz dosviajantes que vão passandoregressam a um tempo em queas aves marcavam as horas eas resumiam na cronologia deum versoleia mais Jorge aqui
João Cabral de Melo Neto
Artista InconfessávelFazer o que seja é inútil.Não fazer nada é inútil.Mas entre fazer e não fazermais vale o inútil do fazer.Mas não, fazer para esquecerque é inútil: nunca o esquecer.Mas fazer o inútil sabendoque ele é inútil, e bem sabendoque é inútil e que seu sentidonão será sequer pressentido,fazer: porque ele é mais difícil do que não fazer, e dificil-mente se poderá dizercom mais desdém, ou então dizermais direto ao leitor Ninguémque o feito o foi para ninguém.