3.8.05

Fabrício Carpinejar


As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma um machucado.

As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.


Comentários:1

Anonymous Anônimo said...

das coisas mais bonitas que li ultimamente, Márcia. Sem palavras, sem palavras.

Tento passar nos meus últimos poemas o amor que tenho vindo a sentir, ainda que não correspondido (ainda?). Não acredito em rezas e orações a Deus e à amada. Os meus poemas são as minhas orações à vida. Assim como este poema do Fábio.

Abraços mil
Jorge

6:55 PM  

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