Mário Pirata
Para que servem os dinossauros
O poema não defende teses não alimenta preces
não roga pragas não engorda larvas
não embala esperanças não castra crianças
não combate males não atravessa vales
não precisa nada o poema.
O poema pode surgir do encantamento
ou falar de um acontecimento,
não precisa ser difícil ou simples,
pode ser cantarolado ou rabiscado
do princípio ao fim.
O poema não precisa ser grande,
não precisa ser pequeno:
montanha gigantesca ou grão de areia,
ele toma a medidade quem o faça e de quem o leia.
O poema pode ter o sabor
de um copo d’água e calar a sede
ou ser a gota cristalina
que nos atira indefesos na vertente,
no riacho, na lagoa, no mar.
O poema quer apenas
a insignificância de um beijo,
a inocência de um carinho,
a irrelevância do vôo da fada
e do pássaro dentro do ninho.
Ele existe porque não acontece
deixar de ser feito:
flor no jardim, amor dentro do peito.
O poema não serve para nada
que não sirva para ser um poema.
leia mais Mário aqui.
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