25.8.04

Berilo Wanderley


Canto último

E um dia, quando eu nada for,
quando o brilho dos meus olhos, vazando, se diluir na terra,
e os vermes corromperem meus lamentos
e prostituírem meus melhores pensamentos;
nesse dia, quero que digas
que ao menos para ti eu fui um bom.
E que meus olhos sempre te ofertavam cantigas
quando, nas tardes, vinhas vaidosa dos pecados que me trazias.
E beijavas minhas lembranças boas e más em minha fronte.
E diluías teu sorriso em minha boca.
Depois, teu corpo brotava dos meus dedos,
e respiravas, então, profundamente...


Dize, e minha sombra não se abrirá em cruz nas estradas nuas.
Dormirá tranqüila, apascentando os seus próprios pecados.
Dize, e o ermo do meu chão,
onde minha palavra se tornará pedra
e meu riso se fará lodo,
será menos ermo e será menos chão.

Comentários:1

Blogger Nilson Barcelli said...

Não conhecia o poema, mas foi uma boa escolha que fizeste.

Manter 3 blogs é obra... e comentar em todos também...

Beijo grande.

11:10 AM  

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