20.8.04

Beatriz Novaro


Mulher gorda na janela

Não há pressa em seus olhos,
apenas o costume de estar só.
Seu olhar fixa as marcas que deixam os coches,
atenta em vãos
ao que falta.
Apóia seu rosto no vidro frio
e repousa.
Olha suas mãos redondas, pequenas,
toca em seus seios grandes e quentes,
pensa em seus pés e sorri maternalmente.
Corpulenta e doce como uma boa sopa,
murmura,
e no entanto está só.
Sabe que está fora mas não sabe de quê.
Ninguém percebe a sua paixão
pesada e gorda na janela.

tradução: Ana Thereza Vieira

Comentários:3

Anonymous Anônimo said...

Um retrato muito forte de uma pessoa muito só e discriminda, talvez até por si mesma...

8:03 AM  
Blogger Silvia Chueire said...

Belíssimo, o poema. E corajoso.

Beijos

2:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Meu nome é José P. di Cavalcanti Jr. Meu e-mail é di@dicavalcanti.com Um belo poema, forte, contundente e terno a um só tempo. Parabéns.

1:01 PM  

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