20.8.04

Bandoneón


Ouvi a porta da frente bater atrás de mim. E me vi na rua: noturna, deserta e fria. À minha frente, cortinas balançavam de janelas inexistentes. E ela, que me sei ser proibida, com um sorriso, convidava-me. À sua cama, não à sua mesa. Malévola, sorria, enquanto, entre atônito e temeroso, eu hesitava. Tudo se passava ali, à noite, sob o lampião de gás amarelo. No meio da rua escura, deserta e fria. Por trás das janelas fechadas, alguém ouvia Piazzola.


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