Fernando Pessoa
Análise
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim. neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Comentários:2
Pois, foste logo buscar o Fernando Pessoa...
Um beijo grande querida Márcia.
Não consigo não orgasmar com Pessoa!... Quando insistem na expressão "brincar com as palavras", lembro-me sempre dele, que prova que o que parece ser brincadeira, é pura trabalehira ;)
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