Camilo Pessanha
Vênus
II
Singra o navio. Sob a água clara
Vê-se o fundo do mar, de areia fina...
—Impecável figura peregrina,
A distância sem fim que nos separa!
Seixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuamente cor-de-rosa,
Na fria transparência luminosa
Repousam, fundos, sob a água plana.
E a vista sonda, reconstrui, compara.
Tantos naufrágios, perdições, destroços!
—Ó fúlgida visão, linda mentira!
Róseas unhinhas que a maré partira...
Dentinhos que o vaivém desgastara...
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos...
Comentários:1
Márcia, que beleza de template, tão sóbrio e adequado para dar relevo à fantasia, à linguagem mágica dos poemas! Adorei. Sabe que há algum tempo sonho com um blog assim? Tem me faltado tempo até para o Umbigo. Mas tenho alguns projetos na cabeça :) Um beijo grande, Adelaide
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