18.7.04

Anna Akhmátova


Cançoneta

Um colarzinho de contas no pescoço,
as mãos sumindo num amplo regalo.
Os olhos passeiam em torno distraídos
e já não têm mais com que chorar.
 
A seda, que é quase violeta,
faz o rosto parecer mais pálido.
A franja, de cabelos tão lisinhos,
já chega até quase as sobrancelhas.
 
Não se parece em nada com um vôo
esse jeito lento de andar
como se numa jangada pisasse
e não nas pranchas firmes do assoalho.
 
A boca pálida, entreaberta,
o fôlego cansado, ofegante...
contra o peito treme o ramalhete
deste encontro contigo que não houve. 
  

tradução: Lauro Machado Coelho 
 



Comentários:2

Anonymous Anônimo said...

Belíssimo... amei, ela é demais, né?
E você também.
Beijos da Marizoca

1:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

Beleza de idéia! Um abraço! AlvARO

2:47 PM  

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